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De volta às origens

"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter." Cláudio Abra...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Entenda o caso


Este texto circula pela internet e serve para mostrar, de forma o mais didática e simples possível, o que está acontecendo nos EUA.

O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça “na caderneta” aos seus leais fregueses, todos bebuns e quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito e o aumento da margem para compensar o risco).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, PQP, TDA, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capítais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu ).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu.

A volta

Num disse que eu voltaria!

Os três textos abaixo foram escritos especialmente para o "Brasil News" - jornal da comunidade brasileira que mora no Canadá!

Volto mais tarde. Boa leitura!!

E viva as mulheres!

Uma notícia publicada nos últimos dias nos jornais brasileiros chama a atenção – em alguns destes jornais foi a manchete da primeira página. Aumentou – e consideravelmente – o número de lares que são chefiados por mulheres. 

Segundo o IBGE, os lares formados por casais com filhos e que são chefiados por mulheres eram 200 mil em 1993. Em 2006 já eram 2,2 milhões. Para quem se impressiona com as estatísticas, vamos lá: em 13 anos passaram de 3,4% para 14,2%, um número dez vezes maior.

Ainda de acordo com o mesmo estudo do mesmo IBGE, não há dados confiáveis para se demonstrar se elas assumiram o trabalho fora enquanto o homem fica em casa ou se o casal trabalha fora, mas a mulher tem um contracheque mais polpudo no final do mês.

Mudanças à vista? Nem tanto...

Não sei os números mundo afora, mas a tendência deve ser planetária e irreversível. No Brasil, basta observar qualquer ambiente de trabalho e verificar o aumento (quando não o predomínio) das mulheres. Mas em que isso afetou as relações de trabalho?

Aparentemente muito pouco. Pelo menos no Brasil, com honrosas, heróicas e raras exceções, as empresas ainda engatinham em termos de ambiente de trabalho. E aí mora o paradoxo dos paradoxos: empresas têm mulheres no comando, mas a estrutura ainda é machista.

E não me refiro aos salários de uma maneira geral, mas às relações. Direitos básicos são notoriamente desrespeitados. Não há transparência e participação dos funcionários e, se você questionar, “dá-o-fora-que-tem-uma-fila-de-gente-querendo-seu lugar”.

Mas antes que as feministas me atirem pedras ou lotem meu e-mail com protestos, a culpa não é delas – embora algumas cheguem ao poder e queiram se vingar de quinhentos anos de machismo em uma semana. Elas chegaram aonde chegaram por méritos próprios e por lacunas que nós, os porcos chauvinistas, deixamos por incompetência.

Também não estou aqui a defender a “sensibilidade e a intuição femininas”, que afinal de contas são mais dois clichês machistas. Mas ainda há muito o que avançar. As relações sociais precisam ser revistas, já que o excesso de competição e individualismo está nos levando a um mundo doente. Ou o nobre leitor acha que o aquecimento global é culpa do Bush que não assinou o Protocolo de Kyoto? Assim como o homem hoje vai para o fogão sem ver sua virilidade ameaçada, podemos mudar conceitos e evoluirmos enquanto humanidade, sem distinção de gêneros.

Má notícia

Como nem tudo é perfeito, o mesmo estudo do IBGE mostra que os negros no Brasil ainda sofrem com a desigualdade.  De 1996 a 2006, o rendimento dos brancos cresceu enquanto o dos negros caiu. Segundo a pesquisa, os negros ganham em média a metade da renda (R$ 502) de um homem branco (R$ 986,5). Sem falar nos bancos das faculdades ou nas cadeiras do Poder. Ainda contamos nos dedos os negros no Parlamento ou em órgãos do Governo, embora saibamos que a população negra seja grande e de suma importância na formação histórica e cultural do Brasil.

Façamos nossa lista suja


O Supremo Tribunal Federal – nossa Suprema Corte, o guardião da Constituição – tomou uma decisão e voltou a ser alvo de críticas e mais críticas. Por nove votos a dois, os ministros decidiram que candidatos com a “ficha suja”, isto é, réu em alguma pendenga judicial, tem todo o direito de se candidatar. 

No entendimento dos ministros, todo muito tem direitos até a sentença transitada em julgado, que é o nome pomposo que advogados e juízes usam para dizer que o cidadão foi condenado em todas as instâncias possíveis e não cabe mais nenhum recurso ou apelação.

A decisão é técnica e, do ponto de vista jurídico, correta. Nossa legislação e o direito moderno têm dessas coisas. Fica parecendo que as leis é que inventaram o homem, e não ao contrário. Prevalece uma decisão fria como o aço e que contraria o bom senso e a sede de vingança que a população tem contra a maioria dos nossos políticos. 

A decisão foi bombardeada e o STF, já arranhado pelo episódio do habeas corpus recorde (aliás, dois) do banqueiro Daniel Dantas, voltou a ser apedrejado. Suas decisões são muito técnicas, às vezes obscuras e contra a vontade popular. Mas, afinal de contas, Dura Lex, sed Lex.

Consulta pode ser feita livremente na Internet

Mas uma lista, feita pela Associação dos Magistrados Brasileiros, foi divulgada por uma entidade de juízes e correu o Brasil. Com um pouquinho de paciência e uma boa conexão à Internet, o cidadão pode fazer uma pesquisa em tribunais e sites do gênero. A não ser que corra em segredo de Justiça, todas as ações, decisões de juízes e tribunais são de livre acesso ao mais leigo dos indivíduos. 

Voto e remédio, uma comparação

Vamos fazer o seguinte. Faz de conta que seu voto é um remédio. Na hora de escolher seu candidato, faça como quem vai tomar um medicamento indicado pelo médico. Leia a bula. Veja as contra-indicações, a dosagem, os efeitos colaterais, o prazo de validade. 

Candidato também tem contra-indicação, efeitos colaterais e, principalmente, prazo de validade. Alguns já se esgotaram, nada acrescentam. E não só uma questão de ser ou não honesto. O que ele pensa vale muito. 

Ou seja, todo mundo pode – e deve – fazer sua lista suja. Não é preciso a tutela do todo poderoso Estado. Vamos repetir, como um mantra, um slogan velho e surrado, um grito de guerra com mais de 50 anos de provecta idade: o eleitor é que tem o poder de decidir.

O dragão refugou

No mês de junho, escrevi neste espaço sobre a tentativa de ressuscitar o Dragão da Inflação. “Estão querendo ressuscitar o dragão. Imprensa manipula números, distorce fatos e cria uma falsa sensação de descontrole na economia.”

Poucos colegas – entre os mais afamados e os teimosos, como eu – se aventuraram a tocar o dedo na ferida. E parecia mesmo que a inflação estava de volta. Pois bem. Destaque do dia 6 de agosto do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2008, no site de notícias G1: “Indicador da FGV teve variação de 1,12% em julho.
Com altas menores, preços dos alimentos contribuíram para queda do índice.”

Além da queda do índice – que, realmente teve seus picos e variações -, a notícia traz outra embutida: a que chama a atenção para a queda dos preços dos alimentos. 

Agora, ganha um doce quem adivinhar se a notícia teve o mesmo peso que a anterior, a que chamava a atenção para o retorno da inflação. É evidente que não. E se da última vez danei a fazer ligações ideológicas com uma parte da sociedade que aposta no fracasso de Lula e por isso minimiza seus acertos e escancara suas falhas, penitencio-me.

À mercê do imediatismo

Boa parte da nossa grande imprensa sofre mesmo é do imediatismo do fechamento. O jornalismo deixou de ser pensado e feito com uma responsabilidade quase que solene. Agora, vale tudo por uma boa manchete, simples de fazer e de explicar, e que venda o jornal. 

Ninguém aprofundou a questão da inflação, do preço dos alimentos, da alta do petróleo. O que interessa é o jornal de hoje que amanhã tem mais. Por inexperiência, má formação acadêmica e humanista, os jornalistas de hoje viraram uns burocratas da notícia. Infelizmente!

O que ficou quase que invisível e inexplicável ao sujeito que atende por três atribuições –leitor/cidadão/contribuinte – é que este espasmo de inflação e o conseqüente aumento da taxa de juros pelo Banco Central deixaram alegres os especuladores de sempre. 

Lucros com o desespero dos outros

Até mesmo o jornalista Elio Gaspari criticou esta postura: “No caso dos juros, Meirelles [Henrique Meirelles, presidente do Banco Central] ameaça com a propagação de uma epidemia que faz a felicidade da turma do papelório que se remunera com a expansão da moléstia.”

Não significa que a batalha esteja ganha. Mas, sim, que precisamos de mais seriedade e racionalidade. Não é para embarcar na onda otimista do governo, nem no discurso de terra arrasada da oposição. A inflação desacelerou mais que o esperado, porém pode voltar a crescer. Mas é preciso muito cuidado para, em nome da manchete do dia, não alimentar a especulação e, com ela, jogar lenha na fogueira de uma espiral inflacionária de triste memória.

(Publicado no "Brazil News) - jornal da comunidade brasileira no Canadá

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Eu voltei!

Estou vivo.
Volto em breve.
Poupei algum tempo e palpites por conta da campanha eleitoral.
Ainda esta semana pretendo retomar e aumentar o ritmo de escrever.

Como escrevem os adolescentes: Té +