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De volta às origens

"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter." Cláudio Abra...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A polêmica da Lei Seca


De todas as leis pensadas, criadas e sancionadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nestes cinco anos e meio de governo, talvez a mais polêmica seja a chamada Lei Seca, em vigor desde o dia 20 de junho e que prega tolerância zero com a perigosa combinação bebida alcoólica-direção. Agora, ninguém mais pode dirigir com qualquer dosagem de álcool no sangue. Antes era tolerado um limite de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue – o equivalente a duas latas de cerveja ou duas doses de bebidas destiladas (cachaça ou uísque).

Pronto. Parece que o mundo vai desabar e os catastrofistas já prenunciam a falência em série de bares e restaurantes enquanto outros criticam o moralismo do governo em relação às bebidas. Há ainda os que temem pela corrupção, batendo no velho adágio de que os ricos vão ficar livres e os pobres é que vão pagar o pato. Como se a gente tivesse que deixar de elaborar leis por conta desses tristes vícios.

Interpretações com um mesmo sentido

Com tanto oba-oba é melhor esclarecer, já que o sentido da lei parece ter ficado oculto. É proibido dirigir depois de beber. Ninguém está proibindo ninguém de encher a cara. Não se trata de proibir porres homéricos. Trata-se de um princípio: bebum no volante, perigo constante. E é aí que entram em ação questões conceituais, quase que ideológicas. Há de se ter amplo, total e irrestrito apoio às ações individuais, desde que, repetindo, desde que, o conjunto da sociedade não seja prejudicado. Fosse assim o sujeito poderia pegar o carro, sair a 160 km/h, avançar sinais, desrespeitar cruzamentos e alegar que ele tem o direito de assim proceder, já que o carro é seu e todos os impostos estão pagos.

O Estado tem a prerrogativa e o direito de interferir. Eu disse o Estado que, embora poucos se lembrem, é diferente de o governo. Nosso trânsito é dos mais violentos do planeta. E não por falta de estrutura, de investimentos, do excesso de buracos nas estradas. É por falta de educação mesmo.

O pior é que o cidadão comum vive a reclamar que o governo não faz nada, que os impostos são escorchantes e outras lamúrias – algumas com plena justificativa, diga-se de passagem. Quando o Estado resolve agir e fazer com que o cidadão se enquadre, vem uma série de reclamações e ações judiciais – a exemplo do que está prometendo uma entidade que reúne proprietários de bares e restaurantes. Corporativismo é bobagem!

Números

Em tempo e para a reflexão do amigo leitor: de 1º de fevereiro até o dia 30 de maio (os dados de junho ainda não foram contabilizados), ocorreram 32.387 acidentes, com 1.497 mortos e 18.557 feridos. Os números são da Polícia Rodoviária Federal e se referem a acidentes registrados em 61 mil km de estradas federais. Pode não estar diretamente ligado ao consumo de álcool. Mas é um número que precisa ser, urgentemente, minimizado.

Publicado no "BrasilNews", jornal da comunidade brasileira no Canadá
www.brasilnews.ca

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pausa

Este blog passa, mais uma vez por reformulações. Até parece barraco de pobre: sempre construindo, sempre fazendo um puxadinho...

Bão, enquanto as novidades não vem, há alguns dias falei sobre a volta da inflação. Pois é!
Leia o material publicado no G1
g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL651685-9356,00.html

No final da semana, volto com mais novidades!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Excentricidades


O banqueiro preso, solto e preso novamente não gosta de cinema e teatro.

Mora em frente à praia de Ipanema mas, segundo consta, nunca pôs os pés na areia.

Sai de casa em carro blindado, seguido por outro com guarda-costas.
Deixa o apartamento onde mora por volta das 7 horas e só retorna lá pelas 10, 10 e meia da noite.

No trabalho pediu à irmã que os funcionários não lhe dirigissem a palavra. Nem ao menos bom dia, boa tarde, boa noite.

Não é a-toa que quando passava pelos corredores, os funcionários cantarolavam baixinho o tema de Darth Vader, o vilão de "Guerra nas Estrelas"

Nos finais de semana, não vai a restaurantes, baladas, futebol, macarrão na casa da mamãe etc.

Nestes dias, dedica-se à leitura. Livros técnicos, como o de Warren Buffet, tido e havido como o homem mais rico do mundo.

Não há dúvidas que o banqueiro DD é brilhante. Mas é o famoso gênio do mal.

Vem cá... Esta montanha de dinheiro acumulada, de forma ilegal, ilícita, ilegítima e imoral, servia para quê???

Constituição


Já que os magistrados, causídicos e juristas vivem de citar os "direitos constitucionais", "constitucional" etc., reproduzo aqui o Artigo 1º, parágrafo único da Constituição de 1988:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Se o poder emana do povo, porque os doutos magistrados tomam decisões que contrariam a vontade popular? Tamanha eficiência jurídica e rapidez processual para livrar a cara de um bandido como Dantas?

Do ponto de vista jurídico pode até haver razões na decisão do Mendes (me desculpem mas fiquei com preguiça de declinar cargo, nome e função), mas tenham certeza que ele agiu com tamanha presteza não foi por estar comprado ou subornado.

Foi por medo do que possa vir. Ou seja, como prefere a linguagem popular: tem o rabo preso.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Desabafo

Meu filho de 4 anos dorme no quarto ao lado.

O banco me ligou que eu entrei no vermelho. Pede providências para eu saldar o débito, pois, do contrário, meu nome pode ir para o SPC.

Pedi um tempo. O salário está menor do que as despesas.

Arranjei mais uma ocupação na parte do dia em que estou mais livre.

Vou tentar diminuir os supérfluos.

Tento dar o melhor de mim para ele. Ensinar o que é certo e o que é errado. Dar o exemplo em vez de ficar com uma pregação sem sentido.

Nunca tive R$ 1 bilhão para comprar ninguém. Aliás, nunca tentei subornar ninguém.

Ele me pediu um brinquedo que viu na TV. Enrolei, disse que nao tinha dinheiro e fiz as contas para comprar daqui a alguns dias.
Ele confiou em mim.

Se tentasse entrar na loja, quebrasse a vitrine e levasse o brinquedo só para ver o sorriso dele, de satisfação com o brinquedo na mão, sairia preso. Pior: algemado.

Num arrozoado cheio de palavras difíceis, a justiça (não dá para escrever mais esta palavra com a letra maiúscula), vai dizer que eu pratiquei "apropriação indébita", "estelionato" e outras pérolas do juridiquês.

Vou tentar explicar a ele, que eu não sou amigo do presidente do Supremo Tribunal Federal. Presidente, aliás, que é pago com o dinheiro dos impostos. Impostos que eu pago, querendo ou não.

Se eu arrumar um bom advogado, terei um habeas corpus (outra pérola do juridiquês), mas dormirei na cadeia.

Quando eu chegar em casa, de manhã cedo, ou uns dois dias depois, ele vai cobrar o brinquedo.

E o que direi eu?

Que a força esteja com você



Lembram quando todo mundo ficava curioso em saber quem era o Darth Vader?

Pois é, caiu a máscara!!!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Daniel Dantas


É incrível como fazem tudo para distorcer o noticiário. Ainda bem que somos muitos o que percebemos.

Parece que a prisão de Daniel Dantas, o banqueiro das sombras, o Darth Vader do sistema financeiro, só se deu por conta do mensalão. Ou seja, ele foi preso porque ajudou a comprar um bando de políticos corruptos.

Até parece que a história do Brasil se divide em AM e PM. Antes doMensalão e Pós-Mensalão.

Antes do Mensalão, éramos um paraíso. Não havia corrupção, caixa dois, barganhas no Congresso em troca de apoio político. Compra sistemática de votos para se votar determinado projeto etc. etc. etc.

Era o AM - Antes do Mensalão.

Foi só o PT chegar ao poder para todos se tornarem corruptos. Daí surgiram o Daniel Dantas, o Marcos Valério, o Roberto Jefferson etc etc.
Surgiram os tempos do PM - Pós-Mensalão.

Ora, ora.

Daniel Dantas operou nas sombras na época das privatização das teles.
Marcos Valério fez vestibular para aprender a operar, em Minas Gerais.
Roberto Jefferson foi da Tropa de Choque de Collor.

Não se trata de defender o PT, o petismo, Lula ou o Lulismo. A opinião pública (se é que isso existe) está sendo manipulada (às vezes grosseiramente) para apenas acreditar que a corrupção é a uma invenção recente e que a atual oposição - leia-se tucanos e democratas - é que são os exemplos da honestidade e do bom mocismo. O PT e se ele simbolizar a esquerda ou o mínimo de avanço não prestam. Bom mesmo eram os tempos de PSDB e o ex-PFL. É a negação da política para manter tudo do jeito que sempre esteve.

Daniel Dantas opera de forma duvidosa há anos. Com a conivência ou não de muitos poderosos de hoje e de antanho. Transitava feito gente grande no governo anterior. Neste, começou também a distender seus tentáculos

Colocá-lo apenas e tão somente - repito - apenas e tão somente como responsável pelo mensalão é diminuir, e muito, a lista de seus crimes e pecados.

No auge do mensalão e das CPIs fizeram de tudo para ocultar o nome de Dantas. Nem ao menos indiciado ele foi. Agora virou o dono da chave do cofre e ele é o culpado do mensalão.

Francamente, tem gente achando que leitor de jornal e telespectador de TV são meros idiotas!!!

O engarrafamento nosso de cada dia


Foi o genial cartunista Henfil quem disse, em seu livro “Diário de um Cucaracha”, que o transporte público é ruim de propósito, por ordem das montadoras de automóveis. Assim, o cidadão desiste de pressionar por melhorias no transporte coletivo e sai logo à procura de um carro para transportá-lo pelos grandes centros urbanos.

Teorias da conspiração à parte, senso de humor de outro, a frase faz sentido. No Brasil de hoje, embalados pelo crédito fácil – é possível comprar um carro em 72 prestações, por exemplo – a frota de carros dana a crescer para alegria das fábricas, todas multinacionais, diga-se de passagem. Já o transporte público mal e mal atende a sua demanda. Como o número de carros cresceu e o número de ruas não, o resultado é um só: en-gar-ra-fa-men-tos. Diários. Semanais. Mensais.

Perdas econômicas
Como o que não falta no Brasil é gente fazendo conta, um banco divulgou que a lentidão do trânsito brasileiro provoca uma perda de 5% em produtividade. Somando o tempo perdido com os acidentes e gastos na saúde públicos cifra gira em torno de R$ 1,7 bilhão a R$ 13 bilhões. E não é só que tem carro o contribuinte a pagar a conta ou morrer de tédio entre no congestionamento nosso de cada dia. Experimente pegar um ônibus em São Paulo, no horário de pico e ficar em pé enquanto o veículo anda a uma velocidade média de 9 km/h. Em tempo: um homem andando a pé tem uma velocidade média de 5 km/h.

Mas não é somente São Paulo, a maior do Brasil e viver seu momento de congestionamento. Belo Horizonte, por exemplo, com sua topografia acidentada começa a experimentar o mesmo mal. O centro da cidade foi projetado há 110 anos – quando a cidade foi planejada e calculava que chegaria ao ano 2000 com cerca de 200 mil habitantes. Atualmente somente BH tem 2 milhões e 300 mil, sem contar a região metropolitana, cujas cidades limítrofes também despejam milhares de trabalhadores no centro e bairros belo-horizontinos.

Falta planejamento
Como o transporte é deficiente, o cidadão prefere o carro, mesmo com a falta de vagas para estacionamento, apesar de perder tempo em congestionamentos, ainda é melhor do que depender de ônibus e do metrô. Seria chover no molhado enaltecer as vantagens do transporte coletivo, como não-poluente, segurança e outros que tais. Mas o tema, com certeza vai tomar tempo de debatedores e candidatos nesta e nas próximas eleições.

Muito mais que a violência e o desemprego, temas que foram decisivos nas eleições anteriores, a questão do trânsito exige criatividade e rapidez. Como as próximas eleições são municipais, e talvez o tráfego nas grandes cidades, o grande nó na vida dos cidadãos brasileiros e que deveria merecer de nossos ilustres candidatos, a devida atenção.

Se quiser continuar crescendo e com qualidade, o tema transporte público não poder ser apenas uma utopia de esquerda. É vital para a cidade e para o planeta que, menos poluído, vai agradecer.

(Publicado originalmente no "Brasil News", publicação da comunidade brasileira no Canadá - www.brasilnews.ca)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

A volta e a volta da inflação - Parte II


Eu já nem sei o que me preocupa mais. Se a volta da inflação descontrolada ou o notíciário - ora sensacionalista, ora tendencioso - em torno do assunto.

Em primeiro lugar não sou maluco em negar um pico inflacionário. Mas daí a volta do dragão e o apocalipse e o fim do mundo, também não.

Principalmente quando a gente vê coisas do tipo.

Manchete do caderno de Economia de "O Globo" - edição de 2 de julho:

Dentro da meta. Por enquanto De 18 países, só Brasil e Canadá ainda estão dentro da magem de erro para inflação

Destaque do Globo.com

Pela terceira semana, inflação recua na maioria das capitais

Coitado do cidadão comumque não sabe economês!!!