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De volta às origens

"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter." Cláudio Abra...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Desabafo

Meu filho de 4 anos dorme no quarto ao lado.

O banco me ligou que eu entrei no vermelho. Pede providências para eu saldar o débito, pois, do contrário, meu nome pode ir para o SPC.

Pedi um tempo. O salário está menor do que as despesas.

Arranjei mais uma ocupação na parte do dia em que estou mais livre.

Vou tentar diminuir os supérfluos.

Tento dar o melhor de mim para ele. Ensinar o que é certo e o que é errado. Dar o exemplo em vez de ficar com uma pregação sem sentido.

Nunca tive R$ 1 bilhão para comprar ninguém. Aliás, nunca tentei subornar ninguém.

Ele me pediu um brinquedo que viu na TV. Enrolei, disse que nao tinha dinheiro e fiz as contas para comprar daqui a alguns dias.
Ele confiou em mim.

Se tentasse entrar na loja, quebrasse a vitrine e levasse o brinquedo só para ver o sorriso dele, de satisfação com o brinquedo na mão, sairia preso. Pior: algemado.

Num arrozoado cheio de palavras difíceis, a justiça (não dá para escrever mais esta palavra com a letra maiúscula), vai dizer que eu pratiquei "apropriação indébita", "estelionato" e outras pérolas do juridiquês.

Vou tentar explicar a ele, que eu não sou amigo do presidente do Supremo Tribunal Federal. Presidente, aliás, que é pago com o dinheiro dos impostos. Impostos que eu pago, querendo ou não.

Se eu arrumar um bom advogado, terei um habeas corpus (outra pérola do juridiquês), mas dormirei na cadeia.

Quando eu chegar em casa, de manhã cedo, ou uns dois dias depois, ele vai cobrar o brinquedo.

E o que direi eu?

Um comentário:

Anônimo disse...

O fato é que não se acaba com a injustiça distribuindo-a a todos. É como acabar com a miséria tornando todos miseráveis.
Também é bom que reflitamos sobre o motivo da nossa situação. Ceder às tentações do consumo tem um preço, que é alto. Mas não cedemos porque o "sistema" quis assim. Quando usamos a expressão "sistema" geralmente estamos nos referindo ao sistema de produção capitalista, no estado de direito e na democracia. E também interpretado pela visão "cristã e ocidental" que nossa civilização construiu. Não conheço nenhum sistema melhor. Você conhece? As tentativas socialistas de melhorar esse sistema sempre resultaram em mais miséria, mais violência, menos liberdade... Não?
Acho que para melhorar o nosso país é preciso, antes de tudo, reconhecermos nossas fraquezas e não tentar escondê-las sob essa visão de que o homem é somente fruto do seu ambiente. A responsabilidade pela nossa condição é nossa!
Hoje o que me exaspera é perceber a unanimidade cega que leva a "massa" a bater palmas para a Polícia Federal algemar o prefeito Pitta (LADRÃO QUE MERECE CADEIA), que, sonolento e sem oferecer a menor resistência, abre a porta de sua casa, enquanto o presidente da República e os que estão próximos dele, são perdoados, e até elogiados, quando são surpreendidos com a mão na massa: "Estão tirando o atraso" ou "chegou a vez deles", costumo ouvir.
Prefiro ensinar a meus filhos que devemos ter uma única medida para avaliar as pessoas e suas atitudes. Para os ricos e os pobres. E que uma vida melhor é fruto de trabalho, sacrifício, economia, estudo e de uma disputa limpa pelas oportunidades. E também mostrar-lhes os meus erros, que são os que eu conheço melhor. A miséria é para ser eliminada e não distribuída. A injustiça é para ser eliminada e não universalizada.